Minha história pela religiosidade

1 - Fase Teísta Forte

 Bom, vou contar minha história neste trajeto chamado Vida. Eu desde que me entendo por gente, sempre me fascinei com a ideia de um ser superior ter criado o Cosmos e tudo mais, e eu sempre o via como um ser sem aparência, nem homem, nem mulher, nem velho, nem novo, simplesmente um ser de infinita sabedoria e bondade, que sempre me zelava e me cuidava todos os dias.

    Dos oito aos dez anos, participei da catequese e da crisma, na igreja católica, e eu sentia esse Deus muito forte em minha vida, mal sabia eu que o Deus da Bíblia era totalmente diferente do Deus que eu acreditava, mas enfim, eu não tinha preconceito religioso, pois para mim, Deus era o mesmo em todas as religiões, seja ela budista, católica, evangélica, kardecista, etc. Mas também acreditava no Diabo, que eu quando era criança chamava de Homem Mau (mal sabia que o verdadeiro Homem Mau é essa elite burguesa racista e escravagista) e eu o imagina sem chifres nem nada, apenas um homem comum, mas profundamente maligno.

    Chega a adolescência, me mudo de cidade, passei a morar no interior, e meu falecido tio, que era pastor na altura, de uma certa igreja pentecostal que eu não irei citar, me convidou para um retiro de carnaval, e cheguei lá, conheci muita gente, fiz amizade e me apaixonei pela primeira vez, e a garota era muito simpática, extrovertida, manjava de assuntos nerds, e eu, as escondidas, dei um beijo nela, e a minha "conversão" foi por causa dela, pois eu era muito ingênuo e acreditava nessas bobagens de filme de conhecer o amor da vida, casar, ter filhos e ter uma família igual desses comerciais de margarina, e eu amava ela de verdade, mas ela não sentia o mesmo por mim (ela tem todo direito de não sentir o mesmo), e eu inexperiente, tentava agrada-la, e ela fugia de mim, e isso me machucava muito, fui por mais algumas vezes nessa igreja, e depois não fui mais.

2 - Fase Agnóstica/Deísta

Sempre gostei de pesquisar no Wikipédia, e descobri um conceito novo, o Deísmo, e no momento parecia a resposta absoluta, pois tudo fazia sentido, um Deus Cósmico que criou o Universo e nos observa de longe (para um ateu, a própria ideia de Deus não faz sentido de nenhuma maneira, mas pra mim Deus era meu amigo imaginário, e eu gostava de ter meu amigo, mesmo que imaginário). Entrei em grupos de facebook, fiz algumas amizades, e adorava trocar ideia com todos no grupo, até que eu, em algumas buscas por livros de ufologia, achei um livro chamado Intelligent Design: Message from the Designers (a versão que eu li era traduzida em português), e li esse livro, teve partes que discordei bastante, mas no final, foi o livro que me levou pro mais profundo ateísmo, pois desconstruiu até esse meu Deus predileto (o Deus Cósmico Deista, não apenas o Deus Yaweh), e eu fiquei ateu absoluto por alguns anos.

3 - Fase Ateísta

Nesta fase eu era cético completo, acreditava apenas no que a ciência provava (eu continuava viajando nas ideias de ufologia, sempre adorei esse assunto) e sempre buscava alguma explicação lógica para algum fenômeno "sobrenatural". Um dia , meu outro tio (que hoje é adventista) me levou até um lugar onde tem uma cruz no chão, onde não nasce nada além de alguns líquens, e ele me contou a história que houve uma aparição mariana e que ela fez a cruz no chão e disse que nada tiraria aquela cruz de lá, eu não acreditei na história, mas tirei algumas fotos na época (que infelizmente não as tenho mais). Neste meio tempo, fiz algumas amizades, cantei em banda de black metal e achava divertido beber cerveja e blasfemar nas letras, o som não era massa como bandas estilo Blasphemy, Behexen, etc, era mais um estilo Burzum mais mal feito, eramos apenas adolescentes seguindo moda de internet, mas era divertido, e foi nessa época que mais tive ficantes em minha vida, adorava ir nos shows tomar cerveja e dar risada, até o dia que experimentei a maconha...

4 - Fase Narcótica

A primeira e segunda vez que fumei maconha foi daora, dava risada de tudo, até chegar a terceira vez, e meu amigo, eu via tudo em câmera lenta, como se o mundo fosse um jogo rodando lento, a uns 5 fps, e eu sentia tudo formigar, a sensação foi horrorosa, durou algumas horas e passou, e eu prometi nunca mais fumar de novo, até que no ano novo de 2014 para 2015, eu fui na festa e não resisti e fumei (pois na minha cabeça essas sensações só durariam algumas horas e depois iriam embora) e passou 1h, 2h, 4h, 8h, 16h e nada disso passar, e eu achei que ficaria assim pra sempre, até fui de a pé no hospital, era um dia chuvoso, tomei umas injeções pra ansiedade, mas parecia que só piorava as sensações, peguei e fui pra casa, e aí que começou o meu inferno, pois eu não sabia que tinha pré-disposição a ter esquizofrenia, ou pelo menos sintomas esquizofrênicos, e isso me dava toda hora, as vezes de madrugada, que me dava uma ansiedade muito forte e me fazia caminhar pelas ruas de madrugada, eu até pensei que lesionei meu cérebro, pois essas sensações horríveis me dava uma ansiedade muito forte, pânico praticamente, e passando por esse castigo, eu até achei que fosse um castigo de Deus (hj acho engraçado esse pensamento) e corri de volta pra igreja, a mesma que eu ia na minha adolescência, e de certa forma, as orações me acalmava, e aliviava um pouco esses sintomas esquizofrênicos, mas o pastor sempre falava de cura e cura, e a cura nunca vinha, até que eu, por influência de memes alt right, me aproximei do catolicismo romano, e passei a ser católico.

5 - Fase Católica/Esotérica

Antes até de eu ir pra Igreja Católica, eu me aventurei em espiritismo e esoterismo, estudei astrologia (que só me serviu apenas pra aprender a socializar com galera universitária good vibes). Eu acreditava em Annunakis, Repitilianos, Greys, Viagem Astral, etc, e eu adorava isso, até que por eu na época ter uma visão política conservadora, vi o tal do Catolicismo Romano, as Missas Tridentinas, toda a beleza e "santidade" daquilo, e isso aliviava a minha ansiedade, e eu resolvi ir no seminário pra estudar pra ser padre. Conheci dois padres que eu os considero meus amigos até hoje, e o seminário me trazia paz de espírito, mas na época, o idiota aqui era bolsominion, e o pessoal do seminário era mais ligado a Teologia da Libertação, e isso me incomodava na época, mas não dizia nada a eles, e os outros seminaristas eram pessoas simples, do interior do interior, e o assunto deles era roça, plantação de soja, milho, etc, e eu sempre fui mais nerd e "informático" eu me isolava deles pq não tinha assunto pra falar com eles, até o reitor me chamou pra uma reunião e disse que meu lugar não era lá, e isso foi como um tapa na cara na minha fé e espiritualidade, e eu peguei e saí de lá (e de fato meu lugar não era lá mesmo, pois como que hoje eu seria padre e "ateu" ao mesmo tempo?), depois disso saí de lá e arrumei um emprego em um supermercado da cidade, e conheci mais gente ainda.

6 - Desconstrução da Fé e de visão política

Eu ainda continuava católico, ia de vez em quando na missa, e veio 2018 e votei no cafajeste que hoje nos desgoverna, pois eu realmente acreditava que o conservadorismo social + liberalismo econômico iria melhorar nossas vidas, ledo e trágico engano, e eu com ajuda de um amigo, descontruí essa visão de mundo direitista/católico/channer e pude abrir a minha mente pra outros pontos de vista, entender o porque da mulher ser feminista, do LGBTQIA+ ser identitário, do Negro ser antiracista, etc, e por mais que eu não concorde com cultura de cancelamento e lacração, é apenas a reação do oprimido, pois o negro sofre racismo até hoje, a mulher, todo dia é vítima de violência e feminicídio, o LGBTQIA+ é vítima de homofobia por parte da família, etc, e mesmo não concordando quando eles cancelam um seriado ou filme "heteronormativo" (que isso só da narrativa pra extrema direita demonizar ainda mais os LGBTQIA+), eu acho que eles tem o direito de existir, de não serem violentados na rua, de terem os direitos básicos que garante a nossa Constituição, etc. Mas politicamente falando, me declaro socialista, creio que a força motriz da nossa sociedade deve ser o progresso técnico-científico, e não o lucro, creio que com o avanço da automação, será necessária uma Renda Básica Universal para as pessoas sobreviverem, e creio que a gente não foi feita pra trabalhar mais de 8h por dia, umas 4h já basta para os padrões de hoje, etc.

7 - Retorno ao Ceticismo

E de novo voltei ao agnosticismo cético, antes eu rezava o terço todos os dias, mas isso ficou maçante com o tempo, e era uma tortura ficar meia hora rezando doido pra fechar os olhos e ir dormir, e assim aos poucos fui abandonando o catolicismo fundamentalista e me tornando mais cético e pensador, e sabe aquele deus que eu acreditava quando era criança, pois é, eu considero esse deus mais lógico e racional do que esse deus judaico-cristão que manda pro inferno quem desobedece a ele, que dá câncer em quem faz brincadeira ou piada com deus, que não faz nada pra impedir que uma criança seja estuprada dentro de uma paróquia, ou que não fez nada quando aqueles pastores da Universal mataram aquele menino porque viu os dois assassinos fazendo coisas promíscuas, e o pior, não acredito num deus que manda pro inferno quem não dá dinheiro pra esses picaretas travestidos de pastores ungidos do Senhor, então hoje, eu vejo Deus como uma incógnita, o Universo é muito vasto e aleatório para não ter se desenvolvido uma forma de inteligência extraplanetária muito superior a humana, mas de uma coisa tenho certeza, o deus da bíblia é tão real quanto um unicórnio rosa invisível na minha sala (o diabo a mesma coisa).